quinta-feira, 15 de março de 2007

Aprendendo a trabalhar com pessoas...

Não é de hoje que trabalho diretamente com gente. Quando escolhi a área de Comunicação, tinha alguma noção do poder da informação, que pode mudar vidas. Mas mais que levar informação às pessoas, um jornalista que se preze precisa entendê-las (ou pelo menos tentar).

Sempre fui muito observadora, do tipo que escuta mais do que fala (é aquela história, Deus nos fez com dois ouvidos e só uma boca pra escutar mais e falar menos). Confesso que por traz disso tem uma certa timidez, que já me atrapalhou em muitos momentos, mas que eu tento superar a cada dia. Enfim, sempre tomei muito cuidado para falar somente a coisa certa, na hora certa, e com isso fico escutando e absorvendo tudo o que se passa ao meu redor.

E posso dizer, escutando, observando, vou aprendendo muito a cada dia.

Fui deixando minha vida profissional me levar de acordo com a maré do mercado, e acabei me enfiando na comunicação empresarial. Talvez alguns pensem que esta é uma área mais fria do jornalismo, mais "marketeira", mas garanto que é muito mais profundo que isso.

Trabalhando em uma empresa de grande porte, com mais de 6 mil funcionários só em São Paulo (sem levar em consideração as outras unidades do Brasil e do mundo, que não são poucas), posso dizer que a cada dia aprendo mais. E a cada dia chego à conclusão de que não sei nada da vida.

Sou uma espécie de "reporter interna", correspondente que leva notícias da empresa aos próprios funcionários. Talvez seja por isso que eu fujo um pouco da regra de comunicação empresarial. Sou paga pra saber tudo o que está acontecendo nesse mundo interno e pra levar as informações relevantes aos demais funcionários.

Mas, sinceramente, o mais interessante não é saber se chegou uma máquina nova na fábrica, ou se foi realizado um treinamento em um software super moderno. O mais interessante é conhecer cada figura que faz parte desse mundo.

São pessoas únicas... Senhoras com idade para se aposentar que tiveram a chance de voltar a cursar o ensino fundamental, e são mais dedicadas que qualquer estudante universitário. Pais emocionados que dão o sangue para sustentar os filhos e não recebem de volta o mínimo de carinho e reconhecimento. Gente que trabalha com o coração e vibra a cada conquista da empresa, como se fosse uma medalha de seu filho.

A cada dia é uma história nova, uma mais surpreendente e emocionante que a outra. Hoje ouvi mulheres que venceram a luta contra o câncer de mama. Mesmo que tenha sido por telefone, sem olhar nos olhos delas, senti meus olhos se enchendo de lágrimas ao ver a coragem dessas mulheres.

Nessas horas, pessoas como eu percebem que aqueles probleminhas do dia-a-dia, que tanto nos perturbam, não são nada. São um grãozinho de areia no meio do deserto. Como somos ingratos, não?

Tem tanta gente sofrida nesse mundo, que teria todos os motivos pra reclamar da vida, e é feliz, grato. Por que somos tão ingratos, mesmo tendo tantos motivos para nos alegrar?

Díficil entender.
Só sei que a cada dia aprendo mais uma lição. Algumas dessas pessoas podem achar que não lembro de suas histórias. Talvez eu me esqueça do nome desses personagens. Mas certamente significam muito para mim.

O sorriso que vejo em cada rosto depois de mízeros 10, 15 minutos de atenção, é inesquecível.